quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PALAVRAS DO CORAÇÃO

De volta as crônicas do livro "Histórias para aquecer o coração". Ao ler a crônica que relatarei abaixo, não fiquei apenas no relacionamento homem / mulher, fui além, como os próprios autores do livro nos incentivam. O mais interessante foi que hoje uma prima querida, fisicamente distante, mas espiritualmente presente/próxima, escreveu-me algo mo Skype que foi de encontro a esta crônica, nisso mais que depressa decidi postá-la. Então vamos lá, espero que gostem.

PALAVRAS DO CORAÇÃO

As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são por palavras não ditas e atos não     realizados.
                       Harriet Beecher Stowe

         A maioria das pessoas precisa ouvir alguém dizer "Eu te amo". E há vezes em que ouve bem a tempo.
         Conheci Connie no dia em que foi admitida na ala do sanatório onde eu trabalhava como voluntária. Seu marido, Bill,  ficou por perto, nervoso, enquanto ela era transferida da maca para o leito de hospital. Ainda que Connie estivesse no estágio final de sua luta contra o câncer, estava alerta e animada. Nós a acomodamos. Terminei de marcar seu nome em todos os suprimentos de hospital que ela usaria e perguntei se precisava de alguma coisa.
       _ Oh, sim - disse -, será que você poderia me mostrar como usar a televisão? Gosto tanto de novelas, que não quero perder o que está acontecendo.
        Connie era romântica. Adorava novelas de TV, histórias românticas e filmes com uma boa história de amor. Conforme fomos nos conhecendo, ela me confidenciou como era frustrante ser casada há 32 anos com um homem que frequentemente a chamava de "boba".
       _ Ah, eu sei que o Bill me ama - disse-, mas ele nunca foi de dizer que me ama, ou de mandar cartões.
         Suspirou e olhou através da janela para as árvores do jardim.
        _ Faria qualquer coisa para ele falar "Eu te amo", mas simplesmente não é do seu feitio.
          Bill visitava Connie todos os dias. No começo, sentava-se ao lado da cama enquanto ela assistia às novelas. Depois, quando ela começou a dormir mais, ele andava de um lado para o outro no corredor do lado de fora do quarto. Logo, quando ela não via mais televisão e passava períodos menores acordada, comecei a passar a maior parte do tempo com Bill.
          Ele falava de quando trabalhava como carpinteiro e de como gostava de pescar. Ele e Connie não tinham filhos, mas aproveitavam a aposentadoria viajando, até que Connie ficou doente. Bill não conseguia expressar o que sentia sobre o fato de sua esposa estar morrendo.
         Um dia, depois de tomar café na lanchonete, puxei conversa com ele a respeito a respeito de mulheres e de como precisamos de romance em nossas vidas, como adoramos receber cartões sentimentais e cartas de amor.
          _ Você diz a Connie que a ama? - perguntei, sabendo a resposta, e ele me olhou como se fosse louca.
         _ Não preciso - disse - Ela sabe que a amo!    
         _ Tenho certeza de que ela sabe - falei inclinando-me e tocando suas mãos ásperas de carpinteiro que seguravam a xícara como se fosse a única coisa a qual ele pudesse se agarrar. _ Mas ela precisa ouvir Bill. Ela precisa ouvir Bill. Ela precisa ouvir o que significou para você durante todos esses anos. Por favor, pense nisso.
        Voltamos para o quarto de Connie. Bill desapareceu lá dentro e eu fui visitar outro paciente. Mais tarde, vi Bill sentado ao lado da cama. Ele segurava a mão de Connie enquanto ela dormia. Era o dia 12 de fevereiro. 
        Dois dias depois eu estava andando pela ala do sanatório ao meio dia. Lá estava Bill, apoiado contra a parede do corredor, olhando para o chão. Eu já soubera pela enfermeira chefe que Connie morrera às 11 horas.
Quando Bill me viu, permitiu que eu o abraçasse por um longo tempo. Seu rosto estava molhado de lágrimas e ele estava tremendo. Finalmente encostou-se de novo na parede e respirou fundo.
      _ Tenho que dizer algo - falou -. Tenho que dizer como me sinto bem por ter dito a ela. _ Ele parou para assoar o nariz. - Pensei muito a respeito do que você me disse e, essa manhã, falei para ela quanto a amava e como era maravilhoso estar casado com ela. Você deveria ter visto seu sorriso!
       Entrei no quarto para despedir pessoalmente de Connie. Lá na mesa de cabeceira, estava um grande cartão de Dia dos Namorados que Bill lhe dera. Você sabe do tipo sentimental, que diz: “Para minha esposa maravilhosa... Eu te amo".
Bobbie Lippmam - p.40, 41 e 42

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro....

Dizem os mais antigos que quem já plantou uma árvore, escreveu um livro e teve filhos já pode curtir a vida e esperar pela passagem. Nossa já fiz tudo isso e muito mais!
Em 2008, minha amiga irmã, em um dos nossos gostosos momentos de bate papo, falou-me do concurso Jão de Barro, promovido pela prefeitura de BH e incentivou-me a participar. Ela sabia que na pós-graduação eu  havia escrito um texto com muita energia e criatividade, nisso disse-me que eu poderia enriquecer o texto transformando-o em um livro de literatura infanto juvenil. ELA ACREDITOU EM MIM! Relutei um pouco, mas depois decidi fazê-lo. O Livro não ganhou o concurso, nem foi classificado, mas eu ganhei uma experiência incrível!
O dia que decidi registrá-lo na biblioteca Nacional do Rio de Janeiro foi muito emocionante. Preencher aquela ficha com todos os meus dados e eu lá AUTORA... Chique demais! Depois a emoção de receber a oficialização do registro... Amigos é indescritível a emoção destes momentos. Ouvir as críticas do meu grande amor e companheiro... meu corretor ortográfico...kkkk. Sentir a vibração da alegria dele em compartilhar comigo mais esta conquista, perceber e sentir a felicidade da minha amiga irmã, Vivenciar o orgulho da minha mãezona... Nossa impagável!!!
Ainda não consegui publicá-lo, mas sei que o momento vai chegar e outras obras viram.
Não vou postá-lo no blog para não correr o risco de plágio, mas vou deixá-los com um pouquinho de água na boca.


        Filha de coração e alma, da cidade de Santa Luzia, Carla Margareth teve em nossa cidade um infância rara para os tempos de hoje, muita pipa, brincadeiras de rua (rouba bandeira, queimada, Bente altas...) banho de lagoa e cachoeira... Filha de família tradicionalmente luziense tem utilizado suas lembranças como ponto de apoio para seu novo trabalho.

   Deu início sua aventura literária, escrevendo um livro de literatura infanto Juvenil, intitulado “O Segredo da Floresta”, com o qual participou do concurso João de Barro 2008, promovido pela prefeitura de Belo Horizonte.

        Ao escrever o livro além de inspirar-se nas aventuras/lembranças de infância, Carla pensou em seus filhos, Octávio de 12 anos e Sthefany de 6 anos. Para Octávio desejou estimular seu interesse pela leitura (ele é o Jonas da história) e para Sthefany pensou no amanhã, pois está na fase de alfabetização e ter uma mãe escritora já é um grande estimulo ao aprendizado.

         O Segredo da Floresta é um livro envolvente que relata a história de um menino chamado Jonas, que vivia com sua “avó” próximo a uma floresta “ameaçadora”. Pela idade, Jonas é uma criança curiosa que adora desafios... Certo dia se vê dentro da floresta... envolvido com Fesdigunda, Grutemberg, poção mágica,... e sua vida mudaria para sempre... só não podemos dizer se para melhor ou para pior... Leia e descubra... O final é surpreendente.

    

Crônica 2 do livro Cultura com tempero e sabor

Ricas recordações da Infância

Carla Margareth Moreira Reis Queiroz

                        Santa Luzia, Década de 70... Deslumbrante rua Direita, com seus casarões contando a rica história, da brava cidade que viveu a revolução de 1842... Naquela época, os veículos ainda eram poucos, Shopping nem pensar... As famílias saiam às ruas, à noite para colocar os “causos” em dia, sentavam-se ao passeio e nós, as crianças, íamos andar de patins (aqueles de ferro, com quatro rodas), de bicicleta, carrinho de rolimã e patinete (artesanais, feitos pelo tio Zé) era o máximo subir rua Direita e descer desafiando o perigo da queda. Sabíamos que cair significaria muitos dias em casa cuidando dos ralados e o pior, ouvindo os gritos de alegria e as gozações dos colegas à noite.
                        Em meio àqueles casarões da rua direita, bem próximo à magnífica igreja Matriz, uma Casa rosa e azul, há anos era habitada por uma família essencialmente luziense. Anexa à casa havia uma loja enorme  (Hoje Cejam, antiga boutique Ceci). Lá,  atrás daquele balcão um homem alto, bonito, cabelos lisos e negros como índio, sempre assobiando bem baixinho, uma musica suave. O saudoso vô João. Conhecido e carinhosamente lembrado até hoje, como João Barracão. De comportamento discreto, João Barracão construiu seu legado ao lado da forte e destemida esposa – Vó Ceci, comerciante bem sucedida, devota incondicional de Santa Luzia e Nossa Senhora Aparecida. Sempre disposta e alegre... Um casal feliz e abençoado, com seus seis filhos Maria, Mariza, Marina, Mara, João e Magda.
                        Com tantos filhos, naquela época vô já tinha, seis netos (Liliana, Claudia, Cristiane, Magali, Carla e Giovanni), bem arteiros e que não perdiam a oportunidade de se aventurarem pela “venda” (a loja de João Barracão era carinhosamente chamada de venda). Nela tinha de tudo: feijão, arroz, milho, etc...  “à granel”. Era muito bom colocar as mãos ali e remexer em tudo aquilo, só não podia era deixar o vô ver. Sob o balcão, dentre outras coisas, havia, sempre o canecão de alumínio do vô. Cheio de café com leite e pão picadinho, que ele comia durante toda manhã e uma “maravilhosa” vitrine de doces. Aqueles comprados lá na Av. Santos Dumont em Belo Horizonte, cheios de açúcar e embalados individualmente por plástico. Hum... Lembrei-me agora da Maria Mole; branca, rosa, amarela... bem cheia de açúcar e puxenta... “Roubar” aqueles doces da vitrine era uma aventura e tanto, adrenalina pura, como se diz hoje. Quando encontrávamos os estalinhos então? E na hora do “furto”! Se a caixinha caísse no chão? Nossa, que frio na barriga... que corre-corre...
            O Vovô tinha as mãos enormes, nunca nos bateu, mas só de ameaçar já saímos correndo pela “contra venda” que dava acesso à casa e nos escondíamos lá no quintal, atrás de algum pé de fruta... Era uma aventura, principalmente que para chegar ao quintal tínhamos que descer aquela escada comprida e perigosa e passar desapercebidos pela vovó, quando estava na cozinha. Ufa! Valia a pena!
                        Quando chegavam os brinquedos...  Nossa! Ficávamos curiosos mas, os grandes olhos do vovô nos “fitavam” como um radar a observar nossas mãozinhas inquietas cheias de vontade de fazer um furinho no plástico para descobrir o que era.
           Ah! E os domingos? Estes eram os dias mais esperados. A vovó, exímea cozinheira preparava delícias na cozinha. Era o famoso almoço que aos domingos sempre finalizava com um doce salivante: Gelatina mosaico, torta de banana... Eu naquela, época morava na casa deles e já sabia direitinho quando a sobremesa era a torta de banana, pois o cheiro era inconfundível.
                        O Domingo era especial para todos os netos que conseguissem repetir a parlenda:

Hoje é Domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!

             Quem conseguisse recitar tudo sem vacilar, ganhava uma moeda enorme de cruzeiro, que saía da antiga e exuberante caixa registradora da venda. A vovó dava duas. Nossos olhos brilhavam ao recebê-las. Íamos direto para a rua do Serro, no antigo bar do Zé Carvalhinho. Com uma das moedas, comprávamos um saco cheio de bala de amendoim coberta de chocolate, e com as outras comprávamos  picolés no bar do Bibiano durante a semana, na saída do Grupo Escolar  (Modestino Gonçalves e Santa Luzia). Hum! Que delícia!
             Era tanta bala que passávamos a semana comendo, afinal, se exagerássemos, não conseguiríamos comer a deliciosa torta de banana da vovó.

Torta de banana
Creme (tipo mingau de maisena grosso)
Coloque em uma panela e leve ao fogo brando:
1 litro de leite
4 colheres de sopa , bem cheias, de Maisena (dissolvida em um pouco de leite)
2 gemas sem pele
5 colheres de sopa, bem cheias de açúcar refinado
1 colher de sopa, bem cheia, de manteiga.
Essência de baunilha a gosto
Deixe ferver até engrossar e sair o gosto da maisena e da gema.

Doce de banana
1 penca de banana caturra bem madurinha (pique a banana em rodelas)
Faça uma calda de açúcar até dar o ponto de fio, coloque água e acrescente as
bananas. Deixe ferver bem até as bananas cozinharem, sem desmanchar.

Suspiro
2 claras
4 colheres de açúcar refinado
Bata as claras em neve e acrescente o açúcar.

Montando a torta:
Uma camada de creme (metade)
Cubra o creme com o doce de banana
Uma camada de creme (a outra metade)
O suspiro

Leve ao forno pré-aquecido para assar.

Crônica 1 do livro Cultura com tempero e sabor

Sou professora da rede particular e em 2008 o SIMPRO, lançou  edital convidando-nos a escrever uma crônica. A crônica teria relação com uma receita que tivesse um significado para o autor. Como amo escrever, escrevi duas. Ambas fazendo referencias as delícias preparadas por minhas queridas avós, Cecy e Olga.
O livro - Cultura com tempero e sabor - foi publicado ao final de 2008 e agora vou compartilhá-las com vocês. Vale a pena experimentar as receitas.
Beijocas

LEMBRANÇAS QUE ALIMENTAM A ALMA
Carla M. Moreira Reis Queiroz

Lembro-me ainda como se fosse agora. Acordava às 05:00 horas, tipicamente adolescente... resmungando, querendo que fosse sábado e que não houvesse aula naquele dia. “Lavar o rosto, tomar café e escovar os dentes era um verdadeiro martírio”... Colocava aquela mochila nas costas, afinal naquela época não existiam pastas de rodinha, mas, em compensação, as mochilas também não eram tão pesadas. 05h:40 min, ouvia a saudosa voz do meu pai :
 - Vamos Carlinha, você vai perder o ônibus.
- Já estou indo, faltava apenas passar o brilho (não era gloos). Beijava a mamãe e saía.
Papai me acompanhava até a rodoviária por segurança e, dali, ele fazia a sua caminhada matinal de 8 Km.
Pegava o ônibus de 06h:08min. Ainda fazendo corpo mole, de adolescente, ia logo sentando e tentado encontrar uma posição para o último cochilo, que raramente acontecia, pois a turma (galera) ia entrando a cada ponto e, ao final, o fundo do ônibus era todo nosso. Ai de quem se sentasse ali, que não pertencesse ao grupo. Logo um fazia uma molecagem e só sobrava a turma lá de trás. Até o motorista era conivente com a situação e logo olhava-nos do espelho retrovisor, com aquele sorriso cúmplice...  Bem, chegávamos à praça da estação. Nos separávamos e cada um ia para sua escola. Eu ainda pegava outro ônibus, mas naquele momento já estava revitalizada e pronta para o novo dia.
Escutava a música de encerramento, era assim que nossa aula acabava e não com sirenes tocando. Saiamos da sala conversando sobre a manhã de estudos...  
Aquele dia era especial para mim. Eu não iria voltar para Santa Luzia, pegaria sim o mesmo ônibus que peguei de manhã, na Av. Amazonas, o 1702 - Pompéia/Jardim América, porém agora no sentido Pompéia, onde iria passar a tarde até o papai chegar. Eu iria para a casa da vovó.
Neta mais velha e sua afilhada, quando chegava ao portão ela já estava lá, com aquelas perninhas curtas, esticadas no banquinho, sentada na cadeira de balanço da varanda, cronometrando a chegada. Afinal, ela era toda pontual. Quando abria o portão, já sentia o cheiro gostoso da comida; ora bolinhos de arroz, ora almôndegas... e o infalível suflê de batatas mas, este era só para o papai. Afinal, era o único varão da casa e o caçula... Deu água na boca só de pensar.
Assim que me via, se levantava  e ia até ao portão, sempre trancado de cadeado. Pequenininha, cabelo bem grisalho preso por travessas marrons, unhas bem feitas, saia até os joelhos e blusa de botão.  Dava-lhe um beijo gostoso, envolvido pelo aroma do inesquecível Leite de Rosas, e entrava.
A mesa já estava posta. Tudo era muito gostoso. O bolinho de arroz tinha sabor bem escondidinho de queijo e bastante salsinha. Verdura, legume, e o imprescindível arroz com feijão. A carne era variada, bife, frango, almôndegas... Enfim, comida de vó.
Lá da cozinha, vinha o sorriso gostoso e discreto da companheira de anos... A “secretária”, carinhosamente chamada de Coroa. Naquela época eu tinha por volta de  13 anos e ela já estava na família há 12 anos e 5 meses... e esta até hoje! Olhe que já tenho 40 anos!
Depois do almoço, descansar, esticar as perninhas. Cafezinho para completar. O relaxamento, era quase que um ritual.
À tarde, após concluir os trabalhos escolares,  jogávamos cartas: buraco, burro... e quando ela ganhava contava até musiquinha. Ai, que saudades daquele tempo, daquelas tardes...
Durante o jogo o cheirinho de café novo invadia a casa. Queijo fresco, pão novinho e de quebra, lá estava o bolinho de arroz (sobra do almoço)...
Lembranças que jamais saem da alma, lembranças fortes de um amor incondicional...

Bolinho de arroz

3 xícaras de arroz cozido até empapar.
Bem sequinho o arroz, passe-o no espremedor de batatas.
Adicione
2 ovos pequenos,
sal a gosto,
cebola média batidinha
Pimentinha à gosto
3 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
Farinha de trigo apenas para dar liga na massa.
Ao final
1 colher de sopa de pó Royal.
Frite em gordura limpa e aquecida, as colheradas da massa.                  09/09/08

Cônica sobre o Natal

Em 2009 fui convidada a escrever uma crônica falando sobre o Natal na nossa família. Somos todos de Santa Luzia e lá se prima pelos belos presépios. A amiga disse que várias famílias haviam sido contatadas para escrever sobre o mesmo tema e que depois seria lançado um livro com a reunião de todas as crônicas. Ao final de 2010, o livro - Santa Luzia Uma cidade sob a luz do presépio - foi lançado e como prometido uma reunião de crônicas, porém ele teve apenas quatro autores, ou seja, seus idealizadores. Apesar disto, valeu a pena, pois, agora posso compartilha-lo com vocês e é muito bom ver um trabalho seu publicado. Espero que gostem.
Beijocas
Em tempo: A realização deste trabalho foi em conjunto com minhas tias, principalmente tia Mariza, a qual jamais teria conseguido escrever sem sua ajuda. O texto de tia Mariza foi publicado no livro, na íntegra.


O Verdadeiro espírito do Natal 
                                                    Carla Margareth Moreira Reis Queiroz

            Fui convidada por Nardeli para contar um pouco sobre nossas lembranças em torno do Natal, festa cristã, que comemora o aniversário de Jesus Cristo. Um resgate desta verdadeira tradição que aos poucos vêm “escapando” dos nossos lares. Confesso que não foi nada fácil chegar até aqui, até porque, todas as pessoas que poderiam contribuir para a montagem desta história, hoje, têm suas próprias famílias (filhos, noras, genros e netos... novas páginas da vida). Alguns já partiram deixando saudades: Vó Ceci, matriarca exemplo, Vô João, com seu assobio marcante e Tio Joãozinho; mas fui persistente e o resultado trouxe um gostinho de quero mais... de vontade de viver tudo aquilo que eles viveram....
  O convite proporcionou algo muito prazeroso: ouvir as histórias contadas por minhas tias e mãe. Mamãe lembrou com saudade da cesta de Natal que somente vô barracão (vô João) podia comprar e que todos aguardavam com enorme ansiedade... Era uma explosão de expectativas quando ele chegava. Lembrou também dos panos de presépio que faziam. Tia Maria lembrou das pastorinhas com saudade pelo encantamento daquele momento, que era esperado por todos com grande ansiedade... A simplicidade daquele grupo mágico e encantador (aproveito o momento para abrir um parêntese e parabenizá-la e ao seu marido, Tio José pelas Bodas de Ouro comemorada no dia 04 de Julho; feito raro nos dias de hoje. Obrigada pelo exemplo). Tia Marina, aventureira... adorava catar pedrinhas bem redondinhas na “praia” do rio das velhas para compor o presépio;  falou também do prazer que o evento proporcionava a todos... que maravilha! Tia Magda, a caçula, (dinâmica desde cedo), também participava dos preparativos, queria sempre ajudar em tudo. Mais tarde perpetuou a montagem do presépio com a arte e o carinho que trouxe daquela infância inesquecível; sua grande ajudante e companheira nesta montagem, agora, é a neta Mayara Cristina (minha afilhada). Conversando com tia Mariza ouvi que nosso saudoso tio João (Joãozinho barracão), menino pequeno naqueles tempos, também dava sua contribuição escolhendo os galhos, catando pedrinhas na beira do rio, socando e espalhando o esmeril sobre o pano... era uma aventura que ele curtia muito.
Eu e tia Mariza temos gostos muito parecidos. Adoramos a arte, a decoração... quantas não foram as vezes que ouvi dela:
- Vamos um dia montar uma casa que mexe apenas com bolos e decorações de festas?
Tia sei que este dia ainda chegará. Obrigada pelo carinho e confiança. Outro gosto comum entre nós é a facilidade e o prazer que temos em escrever e sendo assim quando procurei por ela, conversamos muito, mas ela preferiu escrever suas mágicas e saudosas lembranças, que abaixo reproduzirei fielmente.




NOSSO PRESÉPIO
                                    Mariza José Moreira Dalla Venezia
Que delícia! Que saudades!...
Pobres ricas crianças de hoje, que vivem do computador, celular, Orkut, Iphone, torpedos...

O mês de Dezembro para nós era mesmo uma delícia... Esperado com ansiedade. Começava com o aniversário de Maria, nossa primeira irmã. Canudinhos, cajuzinho, doce de leite, olho de sogra, cocadinha e banhado com muito guaraná, bolo... aquela festa.
Depois chegavam as férias, a festa de nossa padroeira Santa Luzia e até o Natal “um pulo”. Com ele antecediam os preparativos para montarmos o nosso presépio que começou quando minha mãe era criança, com o Menino Jesus que temos até hoje, dado por nossa bisavó.
Mamãe restaurava os sacos de aniagem, com os quais era montado o presépio. Todos nós participávamos. Maria, eu, Marina, Mara, Magda e até Joãozinho ajudava. Nossas tarefas eram variadas: socar o esmeril; quebrar a malacacheta que era guardada numa caixa sempre que se trocava a resistência do ferro elétrico daquele tempo; ir para o campo procurar galhos de árvores, frutas cheirosas e plantas exóticas; trazer areia; encontrar pedras bonitas, branquinhas, brilhantes ou redondas como batatinhas na praia do rio das velhas...
Vocês acham que acabava? Não, já pensando no presépio, íamos conferir a coleção de besouros, cigarras, borboletas que havíamos conseguido pegar durante o ano. Era a hora de conferir e selecionar as mais bonitas.
Também durante os últimos meses do ano, juntávamos latas retangulares de sardinha, bem lavadinhas e limpinhas, agora era o momento de furá-las, enchê-las de terra e buscar no moinho de Helena de Dadá, arroz com casca para plantar no dia 13 de dezembro. Plantando no dia 13, quando aproximasse o Natal já estaria tudo lindo e verdinho, e aí com o presépio pronto elas comporiam a lagoa de espelhos, dos patinhos, em harmonia com os musgos que colhíamos nos muros de Felício Vieira.
Seguíamos um verdadeiro ritual, todos envolvidos, procurando os materiais que seriam usados no presépio.
Tudo coletado e organizado, hora de montar o presépio.
Era uma tarefa inesquecível! Aproveitar o sol que aparecia antes do dia 13, para secar os sacos, por que depois era só chuva até o Natal.
Mamãe ia para a cozinha preparar o grude de polvilho... grudento, transparente e morninho. Nós com a supervisão contínua de mamãe, coloríamos a areia com anilina de diversas cores e mãos à obra. Espalhar o grude sobre os panos e sobre ele o esmeril, o cascalho, a areia branca, os cacos de vidro, a malacacheta... trabalhar com os dedos criando linhas sinuosas. Era um trabalho artístico, cada um mais lindo que o outro. E a turma vibrava!
Que saudades... escrevo e vivo cada detalhe. Prega daqui, monta dali, não troca a posição desta caixa, não esqueça da ponte dos reis, o lago dos patos, a grama dos carneiros... um cerimonial imperdível.
-Não esquece a estrela, o galo, o anjo com a faixa, as luzes, bota um alfinete aqui... cada hora era um que gritava algo que lembrava, um detalhe importante.
Tudo era maravilhoso, envolvente... esta é a emoção que agora corre em meus sentidos mas, havia algo de sumo importância que nos causava uma sensação gostosa... desembrulhar a Sagrada Família, pastores, carneirinhos, e os bichos de celulóide “japoneses ou chineses” que já havia naquele tempo e eram uma preciosidade, delicados, finos, perfeitos. Tudo sempre com a supervisão de mamãe, preocupada para não quebrarmos nenhuma peça, todas embaladas em papel de seda uma a uma e guardadas o ano inteiro numa caixa de madeira.
Sempre havia uma ou mais novidades quando começávamos a desembrulhar, pois, Ceci nossa mãe, era artista nata, de gosto apurado que adorava também viajar, quando retornava de suas viagens, sempre trazia algo diferente e guardava para criar expectativas durante a montagem do presépio.
Se faltava algo, ou se precisássemos inventar... sabíamos onde recorrer. Papai, João Barracão, comerciante de secos e molhados (sua venda havia de tudo, do querosene à seda pura), entusiasmado, fornecia todo o material e adereços, principalmente bichos novos.
Cada ano o presépio ficava mais bonito, diferente e rico.
Presépio pronto, ufa! Agora é esperar o Natal, pois, mãe colocava os presentes do “Papai Noel” aos pés do Menino Jesus.
Que festa! Que alegria! Que delícia!
Com o nosso presépio pronto, começava outra farra: visitar os outros presépios da cidade. Cada um mais rico e diferente que o outro, cada família inovava sempre, naquela época tão aguardada por todos. As visitas eram muitas, íamos a várias casas: de Dona Colo Viana, de Santa Dantas, das meninas de Antônia Marsal, das meninas da caixa d’água, de Dona Augusta Dolabela com o céu pintado, de Dona Idalina, de Dona Angelina Silva, de Zizi de Antônio, o da igreja Matriz, de Dona Altair e Deli Viana e de Dona Helenita, perpetuada até hoje, um patrimônio belíssimo!
Sem esquecer de levar uma moedinha de 1 tostão para cada presépio. Era obrigatório.
Nossa! Quase me esqueço... Hum! As rabanadas de mamãe (pão velho passado no ovo e frito empanado com açúcar e canela). Que delícia! Ceia, os presentes, os doces, a bacalhoada... Estou com água na boca... Que lembranças agradáveis!
Tempo alegre, feliz, saudável e inesquecível!
Depois do Natal, esperar pelo espetáculo das pastorinhas que é outra história...
Hoje mantemos a tradição de nossa saudosa mãe e cada uma das filhas e netas fazem o seu presépio, não tão lindo como aquele de nossa infância, mas que guarda a essência do amor, da saudade, da fé. Fazemos a novena de Natal e reunimos todos na casa de uma delas, revivendo nossa tradição.
___________________________________________
Foi emocionante receber e ler este texto produzido por tia Mariza. Ela deu vida à nossa história, cada pedacinho que lia, conseguia imaginar e até me deu uma pontinha de “inveja” e um desejo de revivê-lo... Quem sabe a partir daí não nasça uma nova história, tão repleta de fé, união, parceria, verdadeira infância e amizade.
Há mais ou menos 10 anos, nos reunimos todos na casa de nossa prima Liliana Cristina (filha de tia Mariza) e Álvaro que se esmera ao fazer com seu esposo, seus pais, filhas e irmã uma belíssima árvore de Natal e um presépio encantador. Antes da entrega dos presentes rezamos ao Menino Jesus e damos início ao nosso grande encontro familiar. Regado por uma bela e farta ceia, bons vinhos e o mais importante fé, união e alegria.
Obrigado senhor Jesus por contribuir em luz, para que dentro de cada um de nós perpetue e engrandeça o seu maior ensinamento... O AMOR.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Sugestão para conferir a lista de material 2011

Férias, uma delícia! Tudo de bom! Relaxar, arrumar as bagunças do ano anterior, fazer uma faxina nas roupas, reciclar, doar... enfim mudar, sair da rotina.
Mas quem trabalha com educação não consegue deixar de pensar nas novas possibilidades.
Quando o ano começa, principalmente na escola particular, somos atropelados por um "mundo" de materiais que os pais entregam e cabe a nós o controle deste recebimento. Criei um modelo de listagem para facilitar a vida e vou compartilhar com vocês, espero que gostem.

Nome dos alunos          


MATERIAIS

   



Garrafinha











Lápis











Borracha











Régua











Lápis de cor  











Cola branca











Tesoura











Caderno pauta (8)











Caderno peq.











Estojo



























































Livros























Língua Portuguesa











Matemática











História











Geografia











Ciências











Espanhol











Inglês











Educação Religiosa























Literatura