quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PALAVRAS DO CORAÇÃO

De volta as crônicas do livro "Histórias para aquecer o coração". Ao ler a crônica que relatarei abaixo, não fiquei apenas no relacionamento homem / mulher, fui além, como os próprios autores do livro nos incentivam. O mais interessante foi que hoje uma prima querida, fisicamente distante, mas espiritualmente presente/próxima, escreveu-me algo mo Skype que foi de encontro a esta crônica, nisso mais que depressa decidi postá-la. Então vamos lá, espero que gostem.

PALAVRAS DO CORAÇÃO

As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são por palavras não ditas e atos não     realizados.
                       Harriet Beecher Stowe

         A maioria das pessoas precisa ouvir alguém dizer "Eu te amo". E há vezes em que ouve bem a tempo.
         Conheci Connie no dia em que foi admitida na ala do sanatório onde eu trabalhava como voluntária. Seu marido, Bill,  ficou por perto, nervoso, enquanto ela era transferida da maca para o leito de hospital. Ainda que Connie estivesse no estágio final de sua luta contra o câncer, estava alerta e animada. Nós a acomodamos. Terminei de marcar seu nome em todos os suprimentos de hospital que ela usaria e perguntei se precisava de alguma coisa.
       _ Oh, sim - disse -, será que você poderia me mostrar como usar a televisão? Gosto tanto de novelas, que não quero perder o que está acontecendo.
        Connie era romântica. Adorava novelas de TV, histórias românticas e filmes com uma boa história de amor. Conforme fomos nos conhecendo, ela me confidenciou como era frustrante ser casada há 32 anos com um homem que frequentemente a chamava de "boba".
       _ Ah, eu sei que o Bill me ama - disse-, mas ele nunca foi de dizer que me ama, ou de mandar cartões.
         Suspirou e olhou através da janela para as árvores do jardim.
        _ Faria qualquer coisa para ele falar "Eu te amo", mas simplesmente não é do seu feitio.
          Bill visitava Connie todos os dias. No começo, sentava-se ao lado da cama enquanto ela assistia às novelas. Depois, quando ela começou a dormir mais, ele andava de um lado para o outro no corredor do lado de fora do quarto. Logo, quando ela não via mais televisão e passava períodos menores acordada, comecei a passar a maior parte do tempo com Bill.
          Ele falava de quando trabalhava como carpinteiro e de como gostava de pescar. Ele e Connie não tinham filhos, mas aproveitavam a aposentadoria viajando, até que Connie ficou doente. Bill não conseguia expressar o que sentia sobre o fato de sua esposa estar morrendo.
         Um dia, depois de tomar café na lanchonete, puxei conversa com ele a respeito a respeito de mulheres e de como precisamos de romance em nossas vidas, como adoramos receber cartões sentimentais e cartas de amor.
          _ Você diz a Connie que a ama? - perguntei, sabendo a resposta, e ele me olhou como se fosse louca.
         _ Não preciso - disse - Ela sabe que a amo!    
         _ Tenho certeza de que ela sabe - falei inclinando-me e tocando suas mãos ásperas de carpinteiro que seguravam a xícara como se fosse a única coisa a qual ele pudesse se agarrar. _ Mas ela precisa ouvir Bill. Ela precisa ouvir Bill. Ela precisa ouvir o que significou para você durante todos esses anos. Por favor, pense nisso.
        Voltamos para o quarto de Connie. Bill desapareceu lá dentro e eu fui visitar outro paciente. Mais tarde, vi Bill sentado ao lado da cama. Ele segurava a mão de Connie enquanto ela dormia. Era o dia 12 de fevereiro. 
        Dois dias depois eu estava andando pela ala do sanatório ao meio dia. Lá estava Bill, apoiado contra a parede do corredor, olhando para o chão. Eu já soubera pela enfermeira chefe que Connie morrera às 11 horas.
Quando Bill me viu, permitiu que eu o abraçasse por um longo tempo. Seu rosto estava molhado de lágrimas e ele estava tremendo. Finalmente encostou-se de novo na parede e respirou fundo.
      _ Tenho que dizer algo - falou -. Tenho que dizer como me sinto bem por ter dito a ela. _ Ele parou para assoar o nariz. - Pensei muito a respeito do que você me disse e, essa manhã, falei para ela quanto a amava e como era maravilhoso estar casado com ela. Você deveria ter visto seu sorriso!
       Entrei no quarto para despedir pessoalmente de Connie. Lá na mesa de cabeceira, estava um grande cartão de Dia dos Namorados que Bill lhe dera. Você sabe do tipo sentimental, que diz: “Para minha esposa maravilhosa... Eu te amo".
Bobbie Lippmam - p.40, 41 e 42

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